SACUDINDO A POEIRA

Por edmarpereira

Quando chegou na casa da moça, estranhou a porta aberta, mas não se importou, pois de outras vezes era assim mesmo, a porta ficava sempre aberta, entrou na sala e não viu ninguém, resolveu chamar:

— Tetê… estou aqui. Mas não obteve resposta.

Na parte da manhã, quando Renato esteve nas imediações da casa, alguns vizinhos tinham percebido sua presença, inclusive sabiam que ele tinha sido um antigo amante de Tetê, e para prevenirem seu marido ou mesmo para ver o circo pegar fogo, trataram logo de avisá-lo.

Todas essas coisas aconteceram sem que ele soubesse de nada. Chamou mais uma vez e encaminhou-se para o quarto, chegando em frente ao quarto parou de repente:

— Estou te esperando aqui seu safado. Disse o marido de Tetê, que estava com um pedaço de pau na mão partindo com tudo para cima do Renato.

Ele conseguiu desvencilhar um pouco das cacetadas, mas elas eram muito certeiras, correu para o lado de fora da casa para ver se conseguia algo para se defender, e o Gersão atrás, enfim conseguiu arrumar um pedaço de pau que dava pelo menos para se defender até poder lograr êxito e conseguir nocautear seu oponente.

Isso é o que ele pensava, não demorou muito e apareceram uns amigos do Gersão prontos para ajudarem a acabar de vez com ele. Não teve outra opção, saiu correndo enquanto ainda tinha forças, as pauladas que havia tomado o tinha deixado bastante machucado e sangrando.

Gersão e seus amigos não queriam que ele fugisse e correram atrás dele para tentar pegá-lo, ele só olhava para trás e pensava: — Onde está aquela desgraçada da Tetê, será que esse cara é seu marido? — na certa deve ser, bem que ela podia ter mandado me avisar.

Ele continuou a correr, percebendo que a cada rua que passava o numero de amigos do marido da Tetê triplicava.

— Estou perdido. Pensou ele.

Acelerou a passada, tomou uma dianteira e conseguiu achar um orelhão – assim eram chamados os telefones públicos naquela época, por conta do seu formato que lembrava uma orelha bem grande.

Já passava das dez horas da noite, lembrou que tinha um irmão lá de sua cidade que trabalhava à noite e ligou, por sorte o irmão atendeu e ele disse rapidamente:

— Peça alguém para vir me ajudar, a cidade inteira está atrás de mim querendo me matar.

Quando largou o telefone viu que as dezenas de pessoas tinham virado centenas e estavam bem próximos, só que agora gritavam:

— Pega…pega…pega o tarado.

Naquele momento ele realmente pensou que era o fim, mas não desistiu, viu uma igreja protestante e entrou pensando achar ali o socorro necessário, mas diante daquela multidão que vinha logo atrás gritando pega o tarado, a igreja inteira colaborou automaticamente e os fiéis gritaram: — Vamos pegá-lo.

Não tinha jeito, saiu correndo pelos fundos, agora a multidão já contava com os fiéis. Pulou um muro e outro muro caindo de frente a um boteco, quando alguém o reconheceu e falou: — Olha o cara que está nos devendo as apostas! E o dono do boteco confirmou: — É ele mesmo, me deve também as bebidas, vamos pegá-lo.


*continua na próxima página…

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