PEDRA PRECIOSA
A empresa onde eu trabalhava trocou-me de função e nessa nova eu teria que viajar por toda a região, incluindo a minha cidade natal.
Certo dia caiu em minha mão um serviço que eu teria que executar na cidade onde eu vivi a maior parte da minha vida. Fiquei alegre, pois iria rever alguns amigos que lá ficaram e também poderia passar na rua onde morávamos e matar a saudade, observando nossa antiga casa e a dos nossos vizinhos.
Cheguei à cidade e espantei-me, as mudanças na infraestrutura eram visíveis. As ruas estavam asfaltadas e bem arborizadas, as casas não tinham nada que lembrasse uma cidadezinha do interior, apenas a calma e a tranquilidade das ruas delatava isso.
Fiquei contente ao ver que a cidade progrediu. Concluí o serviço, o qual era o motivo de estar ali e em seguida resolvi ir até a rua onde nós morávamos, eram 11h30min da manhã. Quando entrei na rua, achei algo estranho, pois na altura onde ficava a nossa casa, tinha um movimento de crianças com uniforme escolar, que na minha percepção passavam de duzentos. Aproximei-me mais e constatei o que já se passava em meus pensamentos. A casa que era nossa e as dos nossos vizinhos da direita e da esquerda não existiam mais, derrubaram-nas e no local construíram uma escola.
Fiquei parado sem saber se eu estava triste por não encontrar as velhas casas no mesmo lugar ou se estava alegre por ver que ali hoje era uma escola. Continuei olhando para o portão daquela escola que ainda dava para ver muitas crianças saindo apressadas como se tivessem sendo perseguidas por alguém, mas logo se juntavam a outras que já estavam do lado de fora a espera dos seus pais.
Enquanto observava essa cena meus pensamentos me levaram a tudo que vivi naquela rua, desde as primeiras brincadeiras com meus irmãos e amigos, passando pelo dia que aquela bola de fogo apareceu e todos os acontecimentos que se seguiram, até o dia que me casei e mudei de cidade.
Lembrei-me dos meus irmãos, do meu pai e da minha mãe. Mas, um fragmento das lembranças me chamou a atenção, quando minha mãe disse para minha avó que deixou a cigana olhar sua mão, e que a mesma após a análise lhe disse: “Sinto neste ambiente um clima de alegria, de sucesso e posso dizer com muita certeza que daqui sairá um tesouro incalculável”.
Eu ainda continuava olhando para aquelas crianças e pensava: Aquela cigana tinha razão, tudo que ela falou com minha mãe naquele dia agora tem sentido. Onde era a nossa casa, agora é uma escola onde reina a alegria da criançada, na entrada da aula, no intervalo e no término da aula.
Daqui dessa escola sairá muitos cidadãos de bem que serão médicos, prefeitos, pedreiros, carpinteiros, músicos, policiais e muitos outros que se profissionalizarão e farão sucesso na vida, isso sem dúvida é um tesouro incalculável.
Saí da cidade satisfeito, mas ao mesmo tempo ansioso para o mais breve possível estar com meus pais, contar tudo que vi e dizer a eles que a nossa pedra preciosa que sonhamos um dia resgatá-la, já tinha aflorado, pois muitas famílias estavam ficando ricas pelo saber e prosperidade que ela proporcionava.
FIM