PEDIDO DE CASAMENTO

Por edmarpereira

Num passado não muito distante, os jovens encontravam uma certa dificuldade, quando o assunto era o relacionamento amoroso. As cidades eram pequenas compostas de arraiais menores ainda, sendo que a maior parte da população morava na zona rural. Este não era o motivo das dificuldades amorosas, mas sim, os pais das moças que eram muito exigentes e tinham um zelo extravagante com as filhas. Sendo assim, um rapaz quando se via na idade de se casar, pedia o pai ou um amigo para visitar a casa de uma moça para ajudá-lo a pedir a mão da menina em namoro com o compromisso de um futuro próximo se casarem.

Quando esse pedido era aceito pelo pai da moça, o namoro tinha início, mas digamos, teórico, porque o rapaz frequentava a casa da moça uma vez por mês; quando se tornava mais íntimo da família, a cada quinze dias e depois semanalmente.

Porém, nas vezes em que o rapaz visitava a casa da namorada, o horário era marcado, de seis horas da noite a no máximo oito horas. Era um namoro bem diferente.

O namorado sentava de um lado da sala e a namorada do outro lado, sendo que, entre eles, nas laterais, sentavam-se os pais e os irmãos. Com a luz do candeeiro que não clareava muito o ambiente, conversavam quase que nada, sendo que a moça não podia nem abrir a boca, no máximo ir na cozinha buscar um café.

Se houvesse outras irmãs, essas ficavam trancadas no quarto enquanto o rapaz estivesse ali. Por esses motivos, não rara as vezes que o pai apresentava uma filha para o pretendente e na hora do casamento entregava outra filha.

Dentro dessa cultura de relacionamento entre as famílias e os pretendentes a uma noiva, um rapaz, morador da zona rural, passando por determinada região, percebeu que por ali existia várias famílias com algumas moças prontas para se casarem.

Ao longe avistou uma determinada casa e percebeu que lá havia algumas moças. Procurou saber quem era o pai para poder ir ver com ele um pedido de namoro e casamento.

Investigou nos arredores e ficou sabendo que o velho, pai das meninas, era exigente, pois além de trabalhador, o pretendente tinha que ter alguma coisa patrimonial e se não bastasse ficou sabendo também que o velho era valente e não apartava de um facão e uma espingarda cartucheira sempre carregada de munição.

Alheio a tudo isso, o rapaz que não tinha pai, convidou um amigo para ir à casa desse senhor ajudá-lo a pedir a mão de uma das filhas.

O amigo, a princípio, ficou receoso, pois já conhecia a fama do pretenso futuro sogro do seu amigo, mas diante da insistência, resolveu aceitar, em consideração a amizade de muitos anos. O pretendente a noivo então disse ao amigo:

— Olha amigo, apesar de nenhum de nós termos intimidade com os pais das meninas, ele gosta de ser chamado de Senhor Orozino, assim meu pai falava quando era vivo. O seu papel nessa empreitada será me ajudar nas respostas quando ele me perguntar algo, pois disso depende ele aceitar ou não o meu pedido de noivado. Continuando disse:

— Vamos lá neste próximo sábado antes que o sol se ponha. Concluiu.

O amigo concordou e selaram com um aperto de mão a empreitada que tinham pela frente.

Chegaram na casa do senhor Orozino a tardezinha, ele estava sentado na soleira da porta da frente da casa. As visitas cumprimentaram e logo o pretenso noivo se adiantou. Apresentou-se e iniciou a prosa dizendo que era filho de um amigo dele que tinha posse ali mesmo nas redondezas, mas que há alguns anos tinha morrido. Senhor Orozino respondeu:

— É.… fiquei sabendo… seu pai era gente boa, fizemos muitos negócios.

— Pois bem senhor Orozino – disse o pretenso noivo. Este que está comigo é um amigo que mora lá p’ras bandas nossa também. Eu estou aqui para conversar com o senhor a respeito de um determinado assunto. No que ele respondeu:

 — Apeiem dos burros e entrem.

Já dentro de casa acomodados ao redor de uma mesa, o senhor perguntou: — Como se chamam? O futuro noivo respondeu:

— Eu sou Joaquim filho e meu amigo é o Manoel.

— O anfitrião pediu para a mulher servir café e algumas quitandas. Enquanto tomavam o café, Senhor Orozino perguntou:

— Então Joaquim, sobre o que o senhor queria conversar mesmo? Joaquim respondeu:

— Bem…como o Senhor vê, eu já estou em idade de casamento e estou aqui para pedir a mão de uma das filhas do Senhor em noivado e futuro casamento. Senhor Orozino respondeu:

— Bem meu filho…realmente eu tenho três filhas que também já estão na idade de se casarem, mas você sabe, a gente tem que zelar pelo futuro das filhas, porque eu não tenho tanta coisa assim para sustentar nenhum marido delas. Por isso vou te fazer algumas perguntas.

— Pois não, Senhor Orozino, eu até trouxe este meu amigo e com certeza ele pode atestar a veracidade das respostas que darei ao senhor. Disse Joaquim.

O velho deu uma tossida para limpar o pigarro da garganta e começou:

— O Senhor tem alguma terra? Joaquim respondeu:

* Continua na próxima página

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