A EXORCISTA

Por edmarpereira
Exorcista

Tudo parecia correr muito bem, mas a tranquilidade daquela rua foi novamente quebrada naquela fatídica noite. Quando os moradores estavam dormindo, isso depois da meia noite, eles foram despertados com o barulho que vinha da casa de Dona Nininha.

Júlia tinha entrado novamente naquele estado e agora parecia pior, pois de longe se ouvia o som estridente de sua voz e que às vezes se tornava tão grave que não se podia imaginar que aquela era a sua voz.

Naquela tarde as pessoas da rua foram tomadas de surpresa, quando escutaram uma gritaria vindo de uma casa que ficava um pouco afastada das demais, num ponto mais alto. Este barulho, a cada momento aumentava e movidos pela curiosidade as pessoas começavam a aparecer nas portas das casas e formando grupos perguntando uns aos outros o que estava acontecendo.

Na casa onde estava acontecendo toda algazarra, moravam dona Nininha, sua filha Hildete que há muitos anos já era separada do marido e Julia, única filha de Hildete, que já estava com vinte e dois anos de idade e ainda não tinha se casado. Uma das pessoas que formavam um grupo que estava mais próximo da casa disse:

— Quem está gritando é Dona Nininha e Hildete, mas essas outras palavras que a gente não entende direito, quem está pronunciando é a Júlia.

Outra pessoa falou:

— Você tem razão comadre, é a Júlia mesmo, mas será o que ela tem? Nós bem que podíamos ir lá ajudar.

Mas a primeira interveio:

— Não vamos fazer isso comadre, pelo tom da voz de Júlia, ela não está passando mal por alguma doença e sim por outro motivo.

— Qual? Perguntou outra.

— Nessa minha vida eu já vi de tudo, por isso tenho certeza do que vou falar, prestem atenção… a voz dela está parecendo um grunhido e essas batidas na parede, estão escutando? Tudo isso só leva a uma resposta…ela está com o demônio, eu tenho certeza, acreditem em mim.

— Será! Responderam em coro.

— Cruz credo. Disse outra fazendo o sinal da cruz.

O barulho na casa aumentou mais ainda e de repente a porta que estava fechada foi aberta à força com pontapés, caindo no meio da rua. Realmente aquela vizinha tinha razão, qualquer um que presenciasse aquela cena, ia ter certeza que Júlia não estava sozinha e sim acompanhada pelo demônio, pois era impossível uma menina com aquele corpo, consegui arrebentar uma porta forte daquela e ainda atirá-la no meio da rua.

A menina apareceu na porta, com o cabelo todo desajeitado e as roupas amassadas, ficando claro que ela estava rolando pelo chão. Os olhos arregalados e vermelhos olhando para o nada, retorcia as mãos e os braços com gestos não muito comuns a uma menina daquela idade, balbuciava palavras não compreensíveis, deixando qualquer um que estivesse mais próximo arrepiado.

Dona Nininha e Hildete chegaram logo atrás de Júlia e tentaram levá-la para dentro da casa, mas não conseguiram, ela saiu correndo em disparada ladeira abaixo, como se tivesse perseguindo algo.

As pessoas que estavam na rua naquele momento correram para dentro de casa, temendo que a menina as atacassem, pois era visível o estado que ela se encontrava, totalmente transtornada e com aspecto de quem estava, como se dizia naquele tempo “passada do juízo”.

As mulheres e homens mais velhos que tinham se afastados das suas residências, para ficarem mais próximos da casa de dona Nininha, observando melhor o movimento e dando palpites sobre o acontecimento, nesse momento tiveram que juntar forças para conseguirem chegar ao portão de suas casas, agarrando uns aos outros, para que as pernas dessem passos mais longos e precisos.

 
*continua na próxima página…

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