A EXORCISTA
Mas nem tudo estava perdido, uma das vizinhas, amiga de Hildete, saiu de sua casa e chamou-a em particular e disse:
— Amiga Hildete, o caso de sua menina parece que é mais complexo do que se imagina, portanto necessita de um tratamento feito por quem realmente entende do assunto.
— Mas onde vou achar essa pessoa? Disse Hildete. A amiga continuou:
— Eu sei, mudou-se esta semana para aquela casa – e apontou com o dedo a casa que ficava numa rua abaixo da que elas moravam – um casal que faz esse tipo de trabalho muito bem. Eles não estão lembrando de mim, mas já fui vizinha deles quando moravam do outro lado da cidade, e tive a oportunidade de presenciá-los resolvendo problemas considerados perdidos. E então, vamos lá?
Hildete foi até a casa dos novos vizinhos com sua amiga e chegando lá teve que explicar mais uma vez tudo que já tinha passado com a menina e o que estava acontecendo naquele instante. A dona disse:
— Eu vou pegar algumas coisas e nós vamos lá agora, tenho certeza que darei conta dessa empreitada.
Já se passaram muitos anos desde aquele último ataque de Júlia, ela se casou e tem dois filhos. Hildete até hoje, sempre que lembra, agradece àquele casal que naquela noite foi até sua casa e curou sua filha para sempre.
O casal encaminhou-se para a casa de Hildete levando uma bíblia e um frasco com água benta. Quando chegaram lá ainda encontraram a menina transtornada no meio da rua e já toda machucada de tanto se debater contra a árvore e o muro de arrimo. A dona foi logo dizendo:
— Menina, olhe para mim, eu só quero o seu bem, me atenda.
A menina olhou um pouco para a senhora, sem com isso parar o que estava fazendo. Foi aí que a dona aproveitou e jogou água benta na cabeça dela começando a fazer umas orações, ficando orando por mais ou menos quinze minutos e de vez em quando parava para respingar mais água benta na menina.
Desse ritual resultou que Júlia foi atendendo à dona, que sempre falava o seu nome, ficando quase que imóvel na frente dela, mas proferindo ainda frases que não dava para distinguir. Foi quando o marido da exorcista chegou por trás e imobilizou a menina, levando-a para dentro de casa.
Na casa o ritual continuou, o marido da dona segurou firme a cabeça da menina enquanto sua mulher sentou-se sobre ela cruzando as mãos e fazendo orações salpicadas pela água. Júlia acabou desmaiando, não se sabe se foi pelo ritual ou por cansaço mesmo, ficando assim por mais de uma hora. Eles chegaram a pensar que tudo estava resolvido e que quando ela acordasse não se lembraria de nada e estivesse completamente curada.
*continua na próxima página…